Informe Social 2024: conheça nossas ações em prol da educação pública!

Notícias

18.04.2019
Tempo de leitura: 4 minutos

Indígenas criam enciclopédia de plantas medicinais para novas gerações

Tribo que está no Brasil e no Peru criou enciclopédia sobre propriedades medicinais de plantas para repassar conhecimento aos mais novos

Integrante mais velho da tribo Matsés está em primeiro plano, com pintura no rosto, durante expedição dos indígenas na floresta amazônica.

A morte de um importante líder dos Matsés, indígenas que vivem na Amazônia, entre o Peru e o Brasil, foi o sinal de alerta para um problema que, infelizmente, faz parte da história de várias tribos: o desaparecimento de todo o conhecimento que as populações das florestas produziram ao longo de milênios.

O xamã morreu sem passar os seus ensinamentos aos mais novos. Para impedir que informações preciosas se perdessem no tempo, o grupo indígena, com auxílio da ONG Acaté, criou uma das primeiras enciclopédias no mundo que consolida o conhecimento dos xamãs da tribo para mantê-lo vivos às próximas gerações.

A Enciclopédia Matsés de Medicina Tradicional reúne mais de 500 páginas que falam sobre doenças, procedimentos e plantas da floresta amazônica que fazem parte da cultura da tribo desde sempre.

A partir dos relatos orais de um grupo de cinco xamãs, jovens matsés passaram a escrever práticas, fotografar as plantas e consolidar e categorizar o conhecimento tradicional, tudo em sua língua tradicional para coibir a biopirataria ou a exploração por parte de terceiros.

Extinção e resistência

Os Matsés são estimados em cerca de 2 mil pessoas que vivem, na bacia do rio Javari na Amazônia. Os primeiros contatos com não-indígenas ocorreram, segundo o Instituto Socioambiental, no ciclo da borracha, entre 1870 e 1920. Posteriormente, a atividade madeireira e o comércio de carnes e peles de animais também forçaram a convivência com os Matsés.

Ao contrário dos mais jovens, durante essas intervenções os mais velhos não se submeteram às influências externas e mantiveram a sua cultura.

“A influência externa acabou levando muitos dos Matsés mais novos a perder o interesse e até sentir vergonha de sua cultura”, disse Christopher Herndon, presidente e cofundador do Acaté, ao site Motherboard.

O desinteresse inicial dos mais jovens em relação à documentação do conhecimento da tribo mudou após encontros nos quais os mais velhos puderam mostrar o legado de luta e a importância de manter vivos seus ensinamentos.

Herndon afirmou ao Mongabay que o destino e a cultura dos povos indígenas estão ligados ao futuro de onde habitam. “Protegendo suas florestas e fortalecendo sua cultura, estamos protegendo a saúde deles de um futuro destruído por diabetes, má nutrição, depressão e alcoolismo”.

Segundo ele, a enciclopédia é um primeiro passo para criar uma ponte entre gerações, antes que seja tarde. “A iniciativa renova o respeito pela sabedoria dos mais velhos e faz a floresta voltar a ser um lugar de cura e aprendizado”.

Dois xamãs da tribo Matsés dividem uma mesa e revisam enciclopédia medicinal, elaborada em parceria entre os indígenas e a ONG Acaté.

Saberes da floresta também na escola

Unir o conhecimento de buscar a cura de doenças na floresta com a produção científica da escola é um dos objetivos do curso de Plantas Medicinais, oferecido pela plataforma Escolas Conectadas, da Fundação Telefônica Vivo.

Online, com certificação pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul e carga horária de 15 horas, a formação explora a diversidade de plantas medicinais e especiarias encontradas em todo o território nacional, orienta sobre manejo adequado e mostrar formas de abordar o tema em sala de aula.

A próxima turma começa as aulas em 06 de maio!

Outros projetos também constroem uma ponte entre a tradição indígena e o conteúdo escolar. No caso da Escola Indígena Puranga Pisasú, em Manaus (AM), a professora Luciana Pascoal Araújo refletiu sobre como usar o conhecimento do povo indígena Baré de Nova Esperança, do qual faz parte, na educação.

Inspirada por uma formação do projeto Aula Digital, ela teve a ideia de juntar objetos usados na Casa de Farinha, importante espaço frequentado pelo grupo, para ensinar formas geométricas e unidades de medida.

A ligação do conteúdo com a cultura local valorizou e revitalizou os conhecimentos tradicionais do povo indígena. “Consegui inserir a matéria no contexto dos alunos, pois a verdade é que eles já sabem medir e nem percebem”, disse. Segundo Luciana, os resultados no aprendizado dos alunos melhoraram após a iniciativa.


Outras Notícias

Como a tecnologia pode apoiar professores na construção de uma educação antirracista

30/07/2025

Como a tecnologia pode apoiar professores na construção de uma educação antirracista

Novos cursos gratuitos da plataforma Escolas Conectadas mostram como ferramentas digitais podem integrar o antirracismo ao currículo escolar e promover práticas pedagógicas mais inclusivas

Tecnologia e acessibilidade: educação mais inclusiva e personalizada nas escolas públicas

18/07/2025

Tecnologia e acessibilidade: educação mais inclusiva e personalizada nas escolas públicas

Ferramentas digitais como plataformas adaptativas e tecnologias assistivas estão revolucionando o aprendizado de alunos com deficiência e promovendo equidade no acesso ao conhecimento

Educação Digital e Midiática: saiba como aplicar as novas diretrizes do MEC no Ensino Médio

15/07/2025

Educação Digital e Midiática: saiba como aplicar as novas diretrizes do MEC no Ensino Médio

MEC lança guia e planos de aula sobre uso da tecnologia em sala de aula para auxiliar os docentes a aplicá-la de forma pedagógica, consciente e alinhada à BNCC

Ampliação da EPT como estratégia contra a evasão escolar

07/07/2025

Ampliação da EPT como estratégia contra a evasão escolar

Pesquisa revela que 8 em cada 10 estudantes que abandonaram o Ensino Médio voltariam à escola para cursar o ensino técnico

Ferramentas digitais como aliadas da gestão escolar

03/07/2025

Ferramentas digitais como aliadas da gestão escolar

O uso estratégico de tecnologias digitais na administração educacional fortalece o planejamento, aprimora processos e apoia a atuação de gestores nas redes públicas de ensino

Informe Social 2024: iniciativas em prol de uma educação pública mais inclusiva e digital

18/06/2025

Informe Social 2024: iniciativas em prol de uma educação pública mais inclusiva e digital

Em 2024, a Fundação Telefônica Vivo reafirmou seu compromisso com a educação pública, promovendo inclusão e inovação nas escolas por meio da tecnologia